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"Nasci pela Ingazeiras/ Criado no ôco do mundo./ Meus sonhos descendo ladeiras,/ Varando cancelas,/Abrindo porteiras./ Sem ter o espanto da morte/ Nem do ronco do trovão,/ O sul, a sorte, a estrada me seduz./ É ouro, é pó, é ouro em pó que reluz/ É ouro em pó, é ouro em pó./ É ouro em pó que reluz:/ O sul, a sorte, a estrada me seduz"

- Ednardo



quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

fortaleza minha

fortaleza minha
suja de braços fora de carros,
catarros fora de narizes
e uma multidão de folhetos
de lojas,
de colégios,
de concursos -
de.

vai água tanta (pouca),
varre os sacos plásticos
e a cera dos ouvidos,
varre a botina dos oficiais
e os carros do ano,
varre os panos da loja de confecção,
varre esse calor-suor.

e joga
no bueiro,
nos esgotos-cabeça-de-alfinete,
nos prédios da Aldeota,
nos palacetes
e nos cacetes gringos funcionando
re-gu-lar-men-te
nas praias e nos motéis.

joga
no Canindezinho e no Planalto Airton Sena,
dentre outros tantos,
afoga as sinucas
e derruba as pontes
e as cumeeiras das casas
no meio de um sonho-sorteio,
ou de um programa policial.

fortaleza ralo entupido
(espirro de corpos
dos desabamentos
em lenços-caixões
descartáveis),
limpa a sujeira do teu nome
e sê forte para todos os teus
homens.

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