tem coisas miúdas,
mas tão lindas
que me arrancam lágrimas.
tem coisas minhas
e tão minhas
que ainda sinto,
mesmo se as perdi.
tem coisas do mundo
e tão finas
que se vejo ao longe
creio que não vi.
tem coisas sentidas,
pressentidas,
que missão como um poema:
se não as faço,
se não as sinto,
sei que viver é pouco
e vivendo,
minto.
,
"Nasci pela Ingazeiras/ Criado no ôco do mundo./ Meus sonhos descendo ladeiras,/ Varando cancelas,/Abrindo porteiras./ Sem ter o espanto da morte/ Nem do ronco do trovão,/ O sul, a sorte, a estrada me seduz./ É ouro, é pó, é ouro em pó que reluz/ É ouro em pó, é ouro em pó./ É ouro em pó que reluz:/ O sul, a sorte, a estrada me seduz"
- Ednardo
- Ednardo
terça-feira, 29 de junho de 2010
quinta-feira, 24 de junho de 2010
terça-feira, 22 de junho de 2010
domingo, 20 de junho de 2010
o assalto (quedar morto)
quando me abordou, eu estava calmo,
mas ao notar que ele me acertou o ombro...
“imbecil, não vê que faltou um palmo?!”
mas ao notar que ele me acertou o ombro...
“imbecil, não vê que faltou um palmo?!”
quinta-feira, 17 de junho de 2010
fratura
fica a cicatriz dos meus gestos
no canto esquerdo do teu olho
direito, que é para descer
uma lágrima esquerda,
se descer.
ficam
as sombras dos meus não-gestos.
e não habitam qualquer canto
senão este em que desafio
o teu silêncio de palavras
pesando para baixo.
numa terra sem luzes,
capturo vaga-lumes nas vielas.
enquanto dormes,
silenciosamente
ilumino o corpo
procurando as marcas
deixadas.
caio numa escura, dona,
e está tudo calçada.
puxo de lápis e conhaque –
“eu não devia te dizer” –
e passo, com os dedos,
a examinar meu próprio corpo,
à cada centímetro um verso.
essa cartografia.
isso posto:
osso exposto.
depois, uma (quase) introdução
no canto esquerdo do teu olho
direito, que é para descer
uma lágrima esquerda,
se descer.
ficam
as sombras dos meus não-gestos.
e não habitam qualquer canto
senão este em que desafio
o teu silêncio de palavras
pesando para baixo.
numa terra sem luzes,
capturo vaga-lumes nas vielas.
enquanto dormes,
silenciosamente
ilumino o corpo
procurando as marcas
deixadas.
caio numa escura, dona,
e está tudo calçada.
puxo de lápis e conhaque –
“eu não devia te dizer” –
e passo, com os dedos,
a examinar meu próprio corpo,
à cada centímetro um verso.
essa cartografia.
isso posto:
osso exposto.
depois, uma (quase) introdução
domingo, 13 de junho de 2010
um trato
Façamos um trato, Amor,
assim,
informalmente.
Não exigirei muito de você,
serei humilde
como a torneira que pinga a vida
toda a vida.
Não usarei fogos de artifício
para dizer teu nome
vizinho ao nome da amada,
basta saber que caminhas cá,
no peito dela.
Não gritarei aos jornais -
deixa que estejas sereno,
em cada página,
como um velhinho simpático
que ri da fuzilaria.
Façamos um trato, amigo:
não levantarei teu humano nome em vão,
e permitirás que vão-se os anos.
assim,
informalmente.
Não exigirei muito de você,
serei humilde
como a torneira que pinga a vida
toda a vida.
Não usarei fogos de artifício
para dizer teu nome
vizinho ao nome da amada,
basta saber que caminhas cá,
no peito dela.
Não gritarei aos jornais -
deixa que estejas sereno,
em cada página,
como um velhinho simpático
que ri da fuzilaria.
Façamos um trato, amigo:
não levantarei teu humano nome em vão,
e permitirás que vão-se os anos.
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