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"Nasci pela Ingazeiras/ Criado no ôco do mundo./ Meus sonhos descendo ladeiras,/ Varando cancelas,/Abrindo porteiras./ Sem ter o espanto da morte/ Nem do ronco do trovão,/ O sul, a sorte, a estrada me seduz./ É ouro, é pó, é ouro em pó que reluz/ É ouro em pó, é ouro em pó./ É ouro em pó que reluz:/ O sul, a sorte, a estrada me seduz"

- Ednardo



quinta-feira, 28 de julho de 2011

prólogo para um poema não escrito

eu venho sentindo um poema
como quem masca ritualmente a coca.
cada folha é uma metáfora
trazendo consigo um verso,
outra folha:
as palavras rodam
no canto da boca.

eu venho balbuciando intenções
que minha língua dorme e nem tenta.
eu venho mastigando o poema sem dor
desde que me surgiu em sonho.

o seu sumo feito de mistério e torpor
corre magro pela garganta,
se esgueira nos rins,
murmura pelas veias
desse corpo-fogo que canta.

o poema vem aos poucos
se fazendo entre cafés, leituras, fotografias e cigarros.
e eu não tenho pressa. eu só tenho a vontade
e três imagens de mil palavras em folhas cada:
i. a fauna e um fauno,
ii. a flora e tuas corolas
iii. e uma covarde blusa branca sobre teu corpo que corre e me ri.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

três palavras num poema à noite

eu gostaria de dizer três palavras num poema à noite.

(1) o poema em questão se entitula
“três palavras num poema à noite”;
(2) esqueci o que deveria pôr no segundo ponto
e, por não ter o que dizer,
escrevi uma piscadala
no canto do verso (;
(3) os poemas voltaram fazendo carreira,
caminhão comendo a beira,
colher no canto da sopa.

vieram:
e quem tiver olhos, que ouça.