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"Nasci pela Ingazeiras/ Criado no ôco do mundo./ Meus sonhos descendo ladeiras,/ Varando cancelas,/Abrindo porteiras./ Sem ter o espanto da morte/ Nem do ronco do trovão,/ O sul, a sorte, a estrada me seduz./ É ouro, é pó, é ouro em pó que reluz/ É ouro em pó, é ouro em pó./ É ouro em pó que reluz:/ O sul, a sorte, a estrada me seduz"

- Ednardo



sexta-feira, 29 de junho de 2012

prometeu II

é você quem foge,
também quem me fez
prometeu
e quem depois
devolveu
o fogo
na própria fuga.

são teus o perfume,
a risada,
o suor –
mas tens certeza
de quem és?
quem garante,
de pés juntos,
que estas linhas
te pertencem,
e não a outra?

de lápis e sorriso,
pensei uma vingança:
essa flecha da dúvida
que meu poema lança.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

prometeu I

"everyone's got their chains to break holdin' you"

cidade enevoada:
nem a lua se achou.
perfume de passos,
explosões de risos,
sal da pele
em qual esquina?

nem um palmo à minha frente.
trilhos, ruínas.

teus olhos arriscam um fósforo.

(em) matéria do desejo como fogo,
sou um feliz punhado
de cinzas.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

a oração da crise

aço nosso que estás mais adiante,
metalizado seja o vosso nome,
[milhões de desempregados no mundo]
venha a nós teu corpo montado.
seja feita a vontade do patrão
[deputados tem o salário aumentado]
assim na fábrica como na rua.
o pão nosso de cada dia nos dai hoje,
[governo manda milhões aos bancos]
assim como damos nosso suor vendido
a quem nos tem ofendido.
[sindicatos dizem não poder fazer nada]
não nos deixeis cair em desemprego,
mas, por via das dúvidas, livrai-nos da polícia.

amém.


(séculoXXIpoemas, trecho do poema IX)