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"Nasci pela Ingazeiras/ Criado no ôco do mundo./ Meus sonhos descendo ladeiras,/ Varando cancelas,/Abrindo porteiras./ Sem ter o espanto da morte/ Nem do ronco do trovão,/ O sul, a sorte, a estrada me seduz./ É ouro, é pó, é ouro em pó que reluz/ É ouro em pó, é ouro em pó./ É ouro em pó que reluz:/ O sul, a sorte, a estrada me seduz"

- Ednardo



segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

salada de cacetes (poema sem delicadeza)

salada de cacetes
no prato-multidão.
os talheres castigam
raízes, folhas, frutas
ao som da batucada.

mãos que agarram camisas,
pancadas nas costelas
(brócolis
CROC!-ante)
e borrifos-tomate de sangue.

a fila indiana do jantar
segue cabisbaixa
(não gritam como os porcos)
por vielas e ladeiras.

a beterraba do olho acertado,
o pus-mostarda escorrendo,
o sêmem-couve grudado às roupas –
o “passatempo” de noite e de medo.

a nuvem de pernas, braços e gritos:
o abacate-bílis pin-
ga
sob as estrelas,
brancas-alho das bocas.

bandido bom,
bandido
morto!

come, justiceiro,
gourmet do Estado,
sommelier das veias,
que o gosto da fome-cacete
é doce
(os aplausos são de açúcar).

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