,

"Nasci pela Ingazeiras/ Criado no ôco do mundo./ Meus sonhos descendo ladeiras,/ Varando cancelas,/Abrindo porteiras./ Sem ter o espanto da morte/ Nem do ronco do trovão,/ O sul, a sorte, a estrada me seduz./ É ouro, é pó, é ouro em pó que reluz/ É ouro em pó, é ouro em pó./ É ouro em pó que reluz:/ O sul, a sorte, a estrada me seduz"

- Ednardo



quinta-feira, 10 de março de 2011

alegria do cronópio

"As esperanças, sedentárias, deixam-se viajar pelas coisas e pelos homens, e são como as estátuas, que é preciso [ir] vê-las, porque elas não vêm até nós"
(Julio Cortázar, "Viagens". In: "Histórias de cronópios e de famas")

"[...] a carne pouca na terra ancha/ espera,/ esperancha"
(Jorge Luan, "são as bordas")


Eu espero,
Gentilmente espero,
Que a esperança não canse de mim.

Também espero
Que me fuja
Para que possa desencontrá-la
E perdê-la sem saber que exista –
Para, então,
Existi-la sem lembrar que sou
Mesmo se não vista.

Eu espero,
Junto às conchas e às ondas,
Que a esperança não canse de mim
E que me venha
Como um raio sem nuvens, sem céu,
Sem chão.

Espero –
Não sem dor,
Não sem ter lutado –
E penso até
Que a sua chegada
É mais
Que o mais que ela anuncia.