depois de fulana
vieram outras, outras tão lindas.
tão lindas que me queimam o peito,
golpe do passado,
falta ar.
desfaleço no quarto,
e é um grande cômodo francês
ou o miserável de raskólnikov,
e caio ao chão
beijado pelo coice da vida.
alguém corra para olhar seu pulso!
afogando-me menos em sangue
que nas lembranças delas,
eu fico largado num canto
usando a cadeira como apoio
em busca do sopro perdido.
tinha cabelos cacheados,
lindos loiros cacheados
como raios de sol comprimidos.
leu meus primeiros poemas
que escrevi com essa intenção,
mas nunca soube,
eu nunca contei,
que eram todos para ela –
não deixe de dizer isso.
e peça desculpas, peça,
pela conversa que ousei,
mas nunca tivemos.
ficou melhor assim.
era o começo da vida em outra cidade
e vieram outras, outras tão belas
que meu peito borbulha em festa –
aniversário ou velório.
mas houve, principalmente,
as que não soube,
as que não lembro,
as que não souberam.
nunca me dei bem com as palavras –
e essa é uma daquelas boas ironias.
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