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"Nasci pela Ingazeiras/ Criado no ôco do mundo./ Meus sonhos descendo ladeiras,/ Varando cancelas,/Abrindo porteiras./ Sem ter o espanto da morte/ Nem do ronco do trovão,/ O sul, a sorte, a estrada me seduz./ É ouro, é pó, é ouro em pó que reluz/ É ouro em pó, é ouro em pó./ É ouro em pó que reluz:/ O sul, a sorte, a estrada me seduz"

- Ednardo



sexta-feira, 6 de agosto de 2010

os 30 cearenses menos influentes (III)

Malá

Vó: magra, velha e forte, mas mania de doença. Bife, arroz, farofa... Doce de leite. O pé de laranja é limão. “Cajueiro, cajueiro, m’arresponda por favor...” Muito preocupada com o neto: único do único filho.
Redemoinho: Ave Maria Ave Maria Ave Maria; Trovão: Ave Maria Ave Maria Ave Maria; Enchente em Palmares: Ave Maria Ave Maria Ave Maria. Ama tanto o neto que ele não sabe retribuir, e voa longe: Ave, Maria, Ave.

Sobral

De esquina era o bar, e um público fiel batia ponto e cerveja e tira-gosto (pequeno fogão dentro). Política. Moreno, barba, barriga. Eu ia comprar refrigerantes.
Aumentaram o aluguel, Sobral saiu – mas ficou.

Aurenir

Negra, já velhinha e, talvez por isso, bem viva. Corria pelo colégio e pela densidade da quentura iguatuense. Sempre fala comigo quando volto. Tímida para grandes coisas: festas, madrinha da turma...
Quantos copos de café na cozinha do colégio.

Jessé

Primeira aula: discutimos sobre Cuba e a revista Veja. As outras aulas: piada, riso. Cabelo e barbas pintadas. Nariz de tucano. Negro. O nome do fusca vermelho é “Chapolin”.
Cerveja, conversa, noites. Com Fábio e Wendel, terminamos no show do Bartô Galeno: R$ 2,00, fim de festa.
E quando eu terminar, estarás recomeçando: o som das tuas piadas continuando.
Essa é a geografia pouca da vida – falta a tua, tanta.


Tio Chico


Tio Chico não era meu tio, era meu avô. Surpresa: outro pai do pai. “Massa bruta”, me chama e aperta forte a mão da mesma massa sua, bruta.
Cresceu no mato, na roça: vários filhos.
Isabel, mulher primeira, morreu e um dia o filho pequeno brincando debaixo dos pés de um burro... Melhor dar o menino que vê-lo morto.
Íamos para Iguatu em seu aniversário, casa simples, todos os tios. Aniversário é baião, cuscuz, carne cozida, cachaça (não eu, ainda) e fotos; humildes, barriga cheia.
Massa bruta, mas fina.

Wilson

Meio rabugento e perto do escritório. Falador, dizem. Cajuína com bolo perto do prédio do padre.
Não coloque o carro aí, não, que fica tampando a vista do bar.
O bar olha para fora e suspira ausência. Wilson inclina a cadeira na parede.

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