,

"Nasci pela Ingazeiras/ Criado no ôco do mundo./ Meus sonhos descendo ladeiras,/ Varando cancelas,/Abrindo porteiras./ Sem ter o espanto da morte/ Nem do ronco do trovão,/ O sul, a sorte, a estrada me seduz./ É ouro, é pó, é ouro em pó que reluz/ É ouro em pó, é ouro em pó./ É ouro em pó que reluz:/ O sul, a sorte, a estrada me seduz"

- Ednardo



domingo, 28 de novembro de 2010

o verso

"[...] é o homem/ o pequeninho ser que treme,/ cai e levanta/ a fronte mais ferida/ e com o braço recém-arranhado/ empunha os relâmpagos"
(Pablo Neruda)


um dia,
no auge de toda poesia,
hei de atirar um verso,
não o sei ao certo,
contra o céu da boca –
ele trará os cheiros da terra
e um rastro verde de inverno.

nesse dia,
o verso sangrará outros –
estrelas incandescentes –
pelo buraco gravado no teto .

um dia,
com tudo o que queria,
hei de trançar esse verso,
o que não sei ao certo,
até fazê-lo em forca.

nesse dia,
ficarão as marcas na minha garganta
de todo o mel e a neblina
que dela fugiram em canto.

um dia,
no cume de toda agonia,
hei de jogar esse verso,
e o seguirei de perto,
do alto de uma torre.

nesse dia,
cantará o verso sobre o chão
até fazer-se poema no trigo
de todos os pães sobre as mesas.

um dia.

Um comentário: