"[...] é o homem/ o pequeninho ser que treme,/ cai e levanta/ a fronte mais ferida/ e com o braço recém-arranhado/ empunha os relâmpagos"
(Pablo Neruda)
um dia,
no auge de toda poesia,
hei de atirar um verso,
não o sei ao certo,
contra o céu da boca –
ele trará os cheiros da terra
e um rastro verde de inverno.
nesse dia,
o verso sangrará outros –
estrelas incandescentes –
pelo buraco gravado no teto .
um dia,
com tudo o que queria,
hei de trançar esse verso,
o que não sei ao certo,
até fazê-lo em forca.
nesse dia,
ficarão as marcas na minha garganta
de todo o mel e a neblina
que dela fugiram em canto.
um dia,
no cume de toda agonia,
hei de jogar esse verso,
e o seguirei de perto,
do alto de uma torre.
nesse dia,
cantará o verso sobre o chão
até fazer-se poema no trigo
de todos os pães sobre as mesas.
um dia.
"de todos os pães sobre as mesas..." belo! Ahô!
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