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"Nasci pela Ingazeiras/ Criado no ôco do mundo./ Meus sonhos descendo ladeiras,/ Varando cancelas,/Abrindo porteiras./ Sem ter o espanto da morte/ Nem do ronco do trovão,/ O sul, a sorte, a estrada me seduz./ É ouro, é pó, é ouro em pó que reluz/ É ouro em pó, é ouro em pó./ É ouro em pó que reluz:/ O sul, a sorte, a estrada me seduz"

- Ednardo



domingo, 24 de janeiro de 2010

verdades

Se te imagino céu,
teus sinais são estrelas
que se acendem vivas
pelo corpo.
Não desejo que essas estrelas
caiam,
desejo um céu cadente
saindo de si
com dois braços
e uma palavra, talvez.

Se te imagino mar,
tuas ondas são beijos
que escondem mordidas
em si.
Eu busco as conchas na areia
onde, vez por outra,
virá tua voz com a boca,
tu findarás o som
com os dentes.

Se te imagino escuro,
abraço-me com teu vulto
debaixo de alguma árvore
e perco a mão no ar,
e lanço minhas piadas
no ouvido da noite.
Dirás que é tarde,
tomarei o velho caminho
da calçada da fábrica.

Se te imagino metal,
outra vez tomo as bigornas,
durmo ao lado das caldeiras
e protesto contra o patrão.
Não quero trabalhar-te
num mundo que não seja nosso:
entrego o pingente
numa terra mais livre.

Se te imagino como és,
não cabes no corpo que tens,
não sou aquilo que era.
Se te imagino como és,
amiga, eu sou teu
amigo desfilando verdades
que vibram debaixo do teu nome.
Sou teu
cantor, e canto.

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