passarei os olhos
no amor calado,
cá ao lado,
mas que me toma os dedos
e que me cala a voz
e que me queima os olhos.
passarei os dias
sem saber o que dizer,
se disser,
sem saber o que fazer,
se fizer,
sem saber se vou te ver,
se viver,
se vier.
passarei vergonha
de ter essa pedrinha
e não saber a janela
que guarda teu sono.
passarei batom
nas minhas palavras,
perfume nos meus passos.
não permita, Amada,
que eu passe sozinho,
que eu passe fadado
a mais um poema assim:
de noite e cansaço,
de cansaço sem fim.
encontrei esse poema num envelope papel madeira que tenho por cá. nem lembrava dele, mas gostei de cara da simplicidade. mudei algumas coisas: retirei as maiúsculas (menos uma), acrescentei o "('n')"... deixei o essencial e não me preocupei com a métrica: de outra forma, o poema não seria mais o que (eu) era.
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