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"Nasci pela Ingazeiras/ Criado no ôco do mundo./ Meus sonhos descendo ladeiras,/ Varando cancelas,/Abrindo porteiras./ Sem ter o espanto da morte/ Nem do ronco do trovão,/ O sul, a sorte, a estrada me seduz./ É ouro, é pó, é ouro em pó que reluz/ É ouro em pó, é ouro em pó./ É ouro em pó que reluz:/ O sul, a sorte, a estrada me seduz"

- Ednardo



quarta-feira, 30 de maio de 2012

a física das flores

se eu tivesse flores,
não as daria à ninguém.
também não daria canções,
antigas cartas,
âncoras, arpões,
odisséias, sertões
volumes de ulisses,
poemas sem dedicatória –
o que me pedisses

se eu tivesse flores,
seriam flores em preto e branco,
como as fotografias,
a economia dos bancos,
a cabeleira das tempestades,
um velho ipê,
a inércia das tardes,
tudo que vê
ou que é visto

terminaria nisto:
nada de entregas e saudades,
ou beijos e vasos e amar-ses,
as flores se dobram à cinza
gravidade.

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