eu venho sentindo um poema
como quem masca ritualmente a coca.
cada folha é uma metáfora
trazendo consigo um verso,
outra folha:
as palavras rodam
no canto da boca.
eu venho balbuciando intenções
que minha língua dorme e nem tenta.
eu venho mastigando o poema sem dor
desde que me surgiu em sonho.
o seu sumo feito de mistério e torpor
corre magro pela garganta,
se esgueira nos rins,
murmura pelas veias
desse corpo-fogo que canta.
o poema vem aos poucos
se fazendo entre cafés, leituras, fotografias e cigarros.
e eu não tenho pressa. eu só tenho a vontade
e três imagens de mil palavras em folhas cada:
i. a fauna e um fauno,
ii. a flora e tuas corolas
iii. e uma covarde blusa branca sobre teu corpo que corre e me ri.
Nenhum comentário:
Postar um comentário