"As esperanças, sedentárias, deixam-se viajar pelas coisas e pelos homens, e são como as estátuas, que é preciso [ir] vê-las, porque elas não vêm até nós"
(Julio Cortázar, "Viagens". In: "Histórias de cronópios e de famas")
"[...] a carne pouca na terra ancha/ espera,/ esperancha"
(Jorge Luan, "são as bordas")
Eu espero,
Gentilmente espero,
Que a esperança não canse de mim.
Também espero
Que me fuja
Para que possa desencontrá-la
E perdê-la sem saber que exista –
Para, então,
Existi-la sem lembrar que sou
Mesmo se não vista.
Eu espero,
Junto às conchas e às ondas,
Que a esperança não canse de mim
E que me venha
Como um raio sem nuvens, sem céu,
Sem chão.
Espero –
Não sem dor,
Não sem ter lutado –
E penso até
Que a sua chegada
É mais
Que o mais que ela anuncia.
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