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"Nasci pela Ingazeiras/ Criado no ôco do mundo./ Meus sonhos descendo ladeiras,/ Varando cancelas,/Abrindo porteiras./ Sem ter o espanto da morte/ Nem do ronco do trovão,/ O sul, a sorte, a estrada me seduz./ É ouro, é pó, é ouro em pó que reluz/ É ouro em pó, é ouro em pó./ É ouro em pó que reluz:/ O sul, a sorte, a estrada me seduz"

- Ednardo



terça-feira, 21 de setembro de 2010

riste

os muito alegres que perdoem
a minha tristeza.

estourando rojões
ou queimando a vida
dificilmente descerão do céu
dos risos.

poderão ver de todo
a tristeza da maré em São Luís,
a desolação da ponte em Fortaleza,
a miséria do metrô sobre Recife?

os alegres,
peço que nos perdoem,
que permitam sermos
tristes.

ristes
e rirás por muito tempo,
e penso que rindo tanto
talvez não consigas
ver os dentes da vida
te rindo as gengivas.

o perdão da minha tristeza,
pois só nela sou alegre.

ou farei da alegria
algo sensível como o pão,
sonoro como um beijo,
uma terra de leite e mel –
porque sempre soube ser triste
ao não ter na boca um adorno,
mas um sorriso vivo em riste.

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