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"Nasci pela Ingazeiras/ Criado no ôco do mundo./ Meus sonhos descendo ladeiras,/ Varando cancelas,/Abrindo porteiras./ Sem ter o espanto da morte/ Nem do ronco do trovão,/ O sul, a sorte, a estrada me seduz./ É ouro, é pó, é ouro em pó que reluz/ É ouro em pó, é ouro em pó./ É ouro em pó que reluz:/ O sul, a sorte, a estrada me seduz"

- Ednardo



quinta-feira, 17 de junho de 2010

fratura

fica a cicatriz dos meus gestos
no canto esquerdo do teu olho
direito, que é para descer
uma lágrima esquerda,
se descer.

ficam
as sombras dos meus não-gestos.
e não habitam qualquer canto
senão este em que desafio
o teu silêncio de palavras
pesando para baixo.

numa terra sem luzes,
capturo vaga-lumes nas vielas.
enquanto dormes,
silenciosamente
ilumino o corpo
procurando as marcas
deixadas.

caio numa escura, dona,
e está tudo calçada.
puxo de lápis e conhaque –
“eu não devia te dizer” –
e passo, com os dedos,
a examinar meu próprio corpo,
à cada centímetro um verso.
essa cartografia.

isso posto:
osso exposto.


depois, uma (quase) introdução

Um comentário:

  1. E a cada verso teu, mais me sinto envolvida nas linhas que se seguem!
    Me encanta este teu dom!

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