V
que posso eu contra o mundo,
se só possuo palavras e dois olhos?
que posso eu contra o mundo,
se só me possuem palavras e passos?
vou chutando latas
e chuto meu olhar com elas,
mas a cabeça cá fica.
e chutando latas
também chuto os ponteiros -
ou são eles que me chutam
viela a dentro, vida afora.
folhas, anonimamente...
que posso eu contra o mundo?
dizer, posso dizer.
e dizendo pelas ruas,
ver que de tantas palavras,
ver que de tanta verdade,
a madrugada cai em si:
parafuso na madeira.
vindo,
esse tempo de palavras abertas
como o colo sombreado das árvores.
a madrugada fica como um quadro
que só ando
quando acho
que o eu em mim
não é.
O indivíduo e os dias...o eu e o cotidiano...quantos mistérios na "noite da desatenção"(cotidiano ao olhar de Karel Kosic).
ResponderExcluirLuan,parabéns pelas letras,palavras e perspectivas.
Tia Erlenia(da Nathalia.