,

"Nasci pela Ingazeiras/ Criado no ôco do mundo./ Meus sonhos descendo ladeiras,/ Varando cancelas,/Abrindo porteiras./ Sem ter o espanto da morte/ Nem do ronco do trovão,/ O sul, a sorte, a estrada me seduz./ É ouro, é pó, é ouro em pó que reluz/ É ouro em pó, é ouro em pó./ É ouro em pó que reluz:/ O sul, a sorte, a estrada me seduz"

- Ednardo



sexta-feira, 16 de abril de 2010

madrugada

V

que posso eu contra o mundo,
se só possuo palavras e dois olhos?
que posso eu contra o mundo,
se só me possuem palavras e passos?

vou chutando latas
e chuto meu olhar com elas,
mas a cabeça cá fica.
e chutando latas
também chuto os ponteiros -
ou são eles que me chutam
viela a dentro, vida afora.

folhas, anonimamente...

que posso eu contra o mundo?
dizer, posso dizer.

e dizendo pelas ruas,
ver que de tantas palavras,
ver que de tanta verdade,
a madrugada cai em si:
parafuso na madeira.

vindo,
esse tempo de palavras abertas
como o colo sombreado das árvores.

a madrugada fica como um quadro
que só ando
quando acho
que o eu em mim
não é.

Um comentário:

  1. O indivíduo e os dias...o eu e o cotidiano...quantos mistérios na "noite da desatenção"(cotidiano ao olhar de Karel Kosic).
    Luan,parabéns pelas letras,palavras e perspectivas.
    Tia Erlenia(da Nathalia.

    ResponderExcluir